quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Pesquisa Perfil do Professor da RMED/Belém

PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
COORDENADORIA DE PLANEJAMENTO
EQUIPE DE PESQUISA E DOCUMENTAÇÃO

PESQUISA PERFIL DO PROFESSORDA REDE MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE BELÉM
(Síntese)

EQUIPE DE PESQUISADORES
Aucilene Moraes de Brito
Elizabeth Lucena Rodrigues
Iolanda Rodrigues da Costa
Lílian da Silva Miranda
Maria de Jesus Benjamin
Maria de Nazaré Barreto Trindade
Natalina de Jesus Lagoia Marques

EQUIPE DE SISTEMATIZAÇÃO E ANALISE DE DADOS
Iolanda Rodrigues da Costa
Lílian da Silva Miranda
Maria de Jesus Benjamin
Maria de Nazaré Barreto Trindade
Natalina de Jesus Lagoia Marques

ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO SÍNTESE
Auriléa Abelém
Iolanda Rodrigues da Costa
Maria de Nazaré Barreto Trindade
Natalina de Jesus Lagoia Marques

SUPERVISÃO E ORIENTAÇÃO
Eliene Jaques Rodrigues
Belém – Pará
Outubro de 2009



APRESENTAÇÃO

    
       A pesquisa “Perfil do Professor da Rede Municipal de Educação de Belém (RMED)” desenvolvida entre os anos de 2005 e 2008 pela Equipe Técnica de Pesquisa e Documentação da Secretaria Municipal de Educação (SEMEC), levantou informações que traçam o perfil dos professores que atuam nessa rede, tendo como eixos centrais: as condições sócio-econômicas e afetivas; o contexto de trabalho e a prática pedagógica. Buscou-se investigar: Como as condições de vida e trabalho influenciam no desempenho docente? Que práticas pedagógicas são desenvolvidas pelos professores em seu cotidiano? Que desafios o perfil do professor apresenta para a política educacional da Secretaria Municipal de Educação de Belém?
    A metodologia de investigação pautou-se pelo método descritivo-analítico, com uma abordagem qualitativa. A amostra envolveu um total de 595 professores, selecionados aleatoriamente 30% de cada disciplina, representando 58 escolas de Ensino Fundamental e 29 Unidades de Educação Infantil. Foram aplicados questionários contendo questões abertas, semi-abertas e fechadas.
     Os resultados revelaram que os professores da RMED-Belém apresentam um discurso afinado com uma tendência progressista, articulada com os novos paradigmas educacionais, manifestando compreensão e busca do “dever ser” apontado pelos atuais pressupostos da educação. Seu contexto de vida e de trabalho revelam uma realidade relativamente positiva do ponto de vista das condições básicas, favoráveis ao bom exercício das atividades docentes, apesar de evidenciar-se, ainda, algumas lacunas e limitações no que se refere à valorização do magistério e à melhoria da qualidade da educação pública municipal.
     Este documento apresenta uma síntese das principais informações contidas no relatório final da pesquisa. Nossa intenção é divulgar o mais amplamente possível os resultados do estudo, oferecendo aos leitores informações que possibilitem um olhar crítico sobre o perfil do professor que atua na rede, de modo a subsidiar os gestores na formulação de políticas de valorização profissional e motivar a implementação de medidas que possam promover melhorias na qualidade do ensino da RMED de Belém.



1. CARACTERIZAÇÃO PESSOAL E QUALIDADE DE VIDA
1.1. PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO


A pesquisa revelou que a profissão docente na RMED-Belém, ainda se caracteriza como um campo de atividade majoritariamente feminino.
Esse resultado tem similaridade com o obtido em pesquisa nacional sobre o perfil do professor brasileiro, no qual aparecem taxas de 81,3% para o gênero feminino e 18,6% para o masculino (UNESCO, 2003).


A cor parda, como era de se esperar em razão da histórica e crescente miscigenação étnica da população brasileira e paraense, compõem ampla categoria dos professores pesquisados (64,7%). Em segundo lugar predominam os que se consideram brancos, a seguir pretos, indígenas e amarelos.



A chefia das famílias, como traço das relações de poder estabelecidas historicamente é lgo bastante discutível. Sabe-se que muitas mulheres assumem a maior parte do sustento familiar, mas nem sempre galgam a condição de chefes, porque a permanência do poder é centrada na figura do pai, principalmente nas famílias nucleares. Essa é a razão de se ter na RMED, por gênero, proporcionalmente mais homens chefes de família (58,9%), do que mulheres, (37,8%). Significa dizer que, em cada grupo de 10 professores, 5,8 homens tendem a ocupar esse posto, enquanto apenas 3,8 mulheres dizem exercê-lo, apesar de o gênero feminino predominar na amostra, e, por conseqüência, no total de chefes de família.


É grande a proporção de professores (91,8%) nas faixas etárias a partir dos 30 anos, estando a maior incidência na faixa de 40 a 49 anos. O que se de um lado indica maturidade do corpo docente, por outro evidencia a necessidade de preparar quadros para renovação.







 
Os professores são, em sua maioria,  naturais de Belém (72%);  21,5% são nascidos em pequenas cidades paraenses, próximas da capital. Apenas 1,3% são originários de cidades de outros estados da região amazônica, enquanto 3,4% migraram de cidades fora dessa região.




O nível de escolaridade predominante é o  superior - 85,9% dos professores. Os maiores índices  estão entre os professores do Ensino Fundamental (89,9%) e da EJA (89,3%).  Enquanto que o menor  está na Educação Infantil (70,7%), esta, por sua vez,  apresenta uma maior concentração de professores com escolaridade de nível médio (29,3%).

Prevalece a formação na área da Licenciatura plena completa (64,7%). Entre os que possuem formação de nível médio (14,2% do total), apenas um professor não é habilitado em magistério. Em relação aos de nível superior, apenas 5,3% apresentam habilitação fora do magistério (40% com curso superior completo e 1,3% incompleto).




Embora a formação superior deva ser alvo para todos os professores, os índices encontrados na RMED/Belém são muito bons se comparados com a situação média nacional, por exemplo. O FNDE apresenta, em www.fnde.gov.br/ 2008, as médias de 57% e 67,2% docentes com formação superior nas 4ª e 8ª séries do ensino fundamental, respectivamente, em 2005. Mesmo na Educação Infantil esses índices já eram maiores na RMED/Belém.


Dos professores pesquisados, 43,2% concluíram algum curso de pós-graduação lato ou stricto sensu.

A especialização é a pós-graduação mais acessada, abrangendo 84,4% dos pós-graduados e 36,5% do professorado da amostra, ou seja, de cada 10 professores, cerca de 3,6 possuem essa titulação.

Os professores mais qualificados ou com pós-graduação concluída são os da EJA (60,7%), seguidos pelos que atuam em mais de um nível/modalidade de ensino (49,7%) e os do Ensino Fundamental (49,6%) respectivamente. É na Educação Infantil que atua um menor número de professores com pós-graduação (20,0%).



1.2 PERFIL SÓCIO ECONÔMICO

Quando se pretende traçar o perfil de determinada categoria de trabalhadores, informações sobre a situação econômica são indispensáveis, pois traduzem a qualidade de vida e de trabalho. É importante também delinear esse perfil da maneira como ele é percebido pelo próprio trabalhador.

Interessante observar que dentre os 55,8% professores que se auto-classificam como pertencentes à classe baixa encontram-se alguns com renda familiar superior a 10 salários mínimos - 22,2% declararam uma renda familiar entre 5 e 10 S.M.; 5,4% entre 10 e 20 S.M.( 32 professores) e um 1 professor com renda familiar superior a 20 S.M.

Um terço (32,8%) dos professores percebe-se como classe média. Outros (6%) se autoclassificam em outra classe, sobretudo na classe média-baixa. Foi alta a proporção de professores que não respondeu a essa questão: 5,4%.





A renda média dos professores (R$1.664,46) representa 73,9% da renda média familiar (R$ 2.2450,05). Essa contribuição é significativa, uma vez que representa aproximadamente, ¾ do sustento de suas famílias.

Os professores possuem em média 4,3 pessoas na família, tamanho superior ao padrão nacional de família de professores de 3,8 componentes (UNESCO, 2003), e, também de família brasileira residente em domicílio particular, com 3,2 componentes, (PNAD/IBGE, 2006).





Dentre os bens de conforto doméstico priorizados pelos professores, figura em primeiro lugar o aparelho de som, em segundo a máquina de lavar, em seguida o DVD. O computador e o automóvel são as menores incidências de aquisição.

Classificando-se esses bens em categorias, por ordem de preferência predominam os bens de entretenimento (aparelho de som, DVD, máquina fotográfica, TV a cabo, videokê e filmadora) adquiridos por 53,2% dos professores, seguidos pela posse de bens de conforto doméstico - 26,9%, (lavadora de roupas e microondas), mais os de informática (computador e note book) de. Em último plano, 19,9% situam-se os professores que possuem bens de transporte, (automóvel e moto), possivelmente pelos custos mais elevados.

No rol de perguntas foi excluído, propositalmente, eletrodomésticos como a TV, a geladeira e o fogão a gás, por se imaginar que integram o conjunto básico de bens de uma família urbana.






Sabe-se que o acesso à moradia é uma demanda urbana crucial para a maioria da população brasileira, o que explica ser significativo o índice encontrado entre os professores da RMED/Belém. Pode-se inferir uma situação confortável para, aproximadamente, 58,8% dos professores que, declaram ter casa própria ou financiada, portanto, com a situação de moradia já resolvida.

Por outro lado há um déficit de moradia para 32,0% dos professores, ou seja, ou seja, pouco mais de ¼ deles é desprovido desse direito de cidadania, pois moram em imóvel alugado, cedido ou ocupado.




A proximidade entre a moradia e o local de trabalho é um fator que interfere na qualidade de vida dos professores da RMED. É, pois, preocupante que a maioria dos professores resida distante das escolas que trabalha, o que torna mais difícil o deslocamento dos mesmos, principalmente se levar em consideração que muitas escolas da Rede se localizam em áreas de difícil acesso.







1.3. PERFIL SÓCIO-CULTURAL E DE LAZER



Os professores apresentaram um relativo acesso aos bens culturais como: cinema, viagem, shows, museus e galerias e teatro. Chamou a atenção depoimentos de alguns professores eivados de certa insatisfação diante da impossibilidade de um lazer mais efetivo e das dificuldades para o usufruto de uma vida cultural mais ativa e variada, o que incluiria viajar, conhecer novos lugares e pessoas, e ter mais acesso aos bens culturais disponíveis ou almejados. Provavelmente para compensar, participam mais intensamente de atividades de lazer, predominantemente domésticas e de menor custo, como: assistir televisão, ouvir rádio e ler jornais e revistas.





A correria do dia a dia e a falta de tempo, vivenciadas por muitos professores não impede que 87% deles tenham hábitos de leitura, lendo em média dois ou mais livros por ano em sua área de atuação.

Inclusive 58,5% possuem biblioteca pessoal em casa, revelando autonomia para buscar a sua própria formação contínua.Poucos (1,2%), não lêem nenhum tipo de livro.








Apesar do reconhecimento da importância do manuseio da informática no trabalho pedagógico, aparece um significativo número de professores que não utiliza esse recurso, e outros manuseiam pouco. As justificativas mais evidentes relacionam-se ao fato de não possuírem computador em casa (35,1%), falta de domínio desses recursos (17,3%), ou de não contarem com esse equipamento disponível no seu local de trabalho (11,8%).

Quanto aos que afirmaram manusear com freqüência a informática, 22,0% comprovam a percepção deles sobre a importância dessa ferramenta para a melhoria do trabalho pedagógico e justificam essa prática, principalmente pela necessidade de fazer pesquisas e atividades pedagógicas (13,4%) e de saber manusear e possuir computador em casa (6,1%).

Assim, se evidencia a necessidade de intensificar o conhecimento e o uso dessa prática, na medida em que tais recursos são cada vez mais disseminados nas escolas.


1.4 PERFIL DA SAÚDE E BEM-ESTAR

Este item mostra a percepção dos professores sobre o seu estado de saúde, bem-estar e felicidade.

Consideram-se com bom estado de saúde 79,5%, apesar de muitos fazerem algum tipo de tratamento especializado, especialmente para hipertensão (25,5%) e fisioterapia (22,4%).






Dentre os professores que disseram que sua qualidade de vida é razoável, mais da metade (54,6%) justifica pelas condições sociais e de trabalho desfavoráveis, relacionados ao baixo salário, excesso de trabalho, dificuldades de investir na formação, moradia em local sem segurança e saneamento:

“Para manter uma qualidade razoável preciso trabalhar todos os turnos (02). Porque o que ganho só dá para o básico, não posso me dar o direito de gastar com nada mais, além disso. (195). Moro longe do trabalho. Não tem asfalto, saneamento básico, área de lazer. Há muita violência. Não tem projetos sociais”. (315)

Os professores que dizem ter uma boa qualidade de vida associam isso às condições sociais e de trabalho favoráveis (a inserção no mercado de trabalho, ter moradia, saúde, alimentação, lazer, escolaridade, vitalidade, saber administrar o salário e fazer o que gosta).





“A felicidade é um estado de espírito (74 respostas); independe das condições econômicas, tem mais a ver com a condição espiritual (381);... vivo com as pessoas que gosto (383).”

Grande parte dos professores se considera feliz (66,9%) e desses, 51,6% relacionam essa felicidade às condições sociais e emocionais satisfatórias em que vivem; 8,45% aos seus valores espirituais, e 5,2% a capacidade de resistência e superação aos obstáculos.

Vale salientar que 49,6% dos que se dizem felizes concentram-se na faixa de renda familiar entre 5 a 10 salários mínimos, pressupondo uma relação marcante entre condição sócio-econômica e felicidade.






Convêm lembrar que os dados da pesquisa, são de dezembro de 2005 e referem-se a uma amostra significativa de professores (30%). Comparando com dados mais atuais, de 2008, e referentes ao universo, observa-se que a situação não é tão estável quanto apontada no ano da pesquisa. Dos 676 professores declarados pela DRH da SEMEC em dezembro de 2008, os efetivos são 72,33%, o que denota crescimento dos temporários na função docente.









Um dos importantes componentes da jornada de trabalho é o turno de atuação dos professores. Na RMED-Belém predomina professores que trabalham em mais de um turno (71%).








A lida diária que envolve tempo e trabalho ocupa grande parte da agenda física e mental do professor da RMED/Belém de forma exaustiva. Assim, dos professores que atuam com até 150 horas mensais na RMED, 61% tem jornada em outras redes. Além daqueles que trabalham com maior carga horária RMED, (acima de 150 horas) essa participação em outras redes também é significativa (28,2%).

Constata-se também que é na rede estadual onde se concentra maior percentual dos professores da RMED (28,7%), uma vez que na rede particular e federal está uma minoria (4,2% e 2,2%, respectivamente).

Assim, a relação lógica se confirma: quanto menor a jornada municipal de trabalho dos professores, maior é o seu envolvimento fora da RMED e vice-versa.


A Pesquisa evidencia a concentração de um elevado número de professores em faixas médias e elevadas de tempo de experiência no serviço do magistério (6 a 15 anos e de 16 e mais anos respectivamente). São poucos os que estão em início de carreira, ou seja, na faixa de zero a cinco anos.

Nesse aspecto os dados ora analisados indicam, de uma maneira geral, que a SEMEC tem um quadro docente com bastante experiência profissional, considerada essencial na identificação da profissionalidade docente, e que evidencia uma boa perspectiva para o trabalho pedagógico da escola municipal.





2. AS LENTES DO PROFESSOR SOBRE O SEU CONTEXTO DE TRABALHO
2.1 O PROFESSOR, A GESTÃO ESCOLAR E A PARTICIPAÇÃO NO COTIDIANO DA ESCOLA.


Dos professores que acreditam na atração da escola para manter e garantir a aprendizagem dos alunos, 74% atribuem esse fato à atuação qualificada dos professores que buscam desenvolver um trabalho inovador em sala de aula.

Essa atuação docente mais comprometida com a aprendizagem, segundo alguns entrevistados está relacionada aos investimentos feitos pela SEMEC na formação continuada dos professores.

Dentre os professores que não acreditam ou acreditam parcialmente, a maioria (70,6%) atribui o descrédito às deficiências na infra-estrutura física, material e pedagógica das escolas, e outros (24,5%) à proposta pedagógica norteada pelos Ciclos Básicos.


2.2 A PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NAS AÇÕES DA ESCOLA E SUA RELAÇÃO COM O ESTILO DE GESTÃO


Na opinião dos professores, os pais participam com freqüência das ações pedagógicas da escola. Um amplo grupo desses professores (65,9%) diz que essas ações se consolidam por meio de reuniões de caráter informativo e formativo.

O estímulo à participação dos pais não se restringe, apenas, à forma delegada pelos órgãos representativos da escola (conselho escolar, conselho de classe, de ciclos etc.), eles também são chamados e envolvidos em eventos sócio-culturais, desportivos, palestras, seminários, oficinas, conversas informais e/ou individuais, etc., entre professores e pais e destes com a coordenação pedagógica e com a direção da escola.




A Pesquisa mostrou que existe maior concentração nas respostas dos professores que correlacionam à participação dos pais no cotidiano das escolas a um estilo de gestão democrática. O que pode ser uma evidência de que a escola já vem rompendo com o isolamento e interagindo de forma mais ampla com a realidade dos agentes de seu entorno.

Assim, 68% dos professores entrevistados consideram que a escola desenvolve frequentemente ações para estimular a presença dos pais na escola, sendo que 61,2% relacionam essas ações à gestão democrática desenvolvida pela instituição. São práticas que consolidam a idéia de que a escola deve estar aberta à participação dos pais e comunidade, à descentralização, autonomia, co-responsabilidade e multiculturalismo defendidas atualmente pelos diversos setores da sociedade.

É interessante observar que 11% declararam que a escola não estimula essa participação, mesmo os 5,7% que consideram ser democrática a gestão desenvolvida.




Um dos instrumentos mais comumente utilizados numa gestão democrática é a decisão colegiada via reuniões. Isso se materializa nos encaminhamentos decisórios dos professores no cotidiano da escola, na sua participação nas reuniões, dentre outros.

Além disso, a gestão democrática na escola parece se consolidar quando os professores consideram-se com uma postura crítica, participativa e sugestiva no cotidiano escolar. Essa categoria lidera, em índices significativos, em todos os níveis/modalidades de ensino da RMED: EJA (75%), Educação Infantil (72,1%), Ensino Fundamental (71,7%) e entre os que atuam em mais de um nível/modalidade de ensino (67,6%).




2.3. POSICIONAMENTO DO PROFESSOR SOBRE O REGIMENTO INTERNO DA ESCOLA - RIE



O Regimento Interno das Escolas – RIE é o instrumento de gestão que define a estrutura organizacional das escolas, as suas normas de funcionamento e os direitos e deveres dos membros dessa comunidade. No entanto, 68,6% dos professores entrevistados não o conhecem.

O nível de alienação sobre o RIE é alto, cobre aproximadamente 2/3 do professorado, e preocupante quando se discute e advoga uma postura crítica, sugestiva e participante na gestão da escola e do seu papel no ensino e aprendizagem do aluno.






2.4. CONHECIMENTO E POSICIONAMENTO DOS PROFESSORES ACERCA DA APLICAÇÃO DOS RECURSOS FINANCEIROS DESTINEDO À ESCOLA: PDDE E FUNDO ROTATIVO




As escolas municipais recebem recursos financeiros para administração descentralizada, o Fundo Rotativo e o Programa Dinheiro Direto na Escola - PDDE.

O Fundo Rotativo é o nome corrente de um repasse regular de suprimento de fundos para despesas de pronto pagamento geridas pela direção da escola. Tem por fonte recursos do Município. O PDDE é gerido pelo conselho escolar e a origem dos recursos é o FNDE/MEC.

O Fundo Rotativo admite despesas de custeio e o PDDE estas e as de capital. Os valores de ambos são definidos pelas matrículas no ensino fundamental.

Os resultados da Pesquisa mostram que 71% dos professores entrevistados declararam conhecer a aplicação desses recursos na escola.

Considerando-se, apenas, os que afirmam conhecer o uso desses instrumentos financeiros, 80,2% concordam com as prioridades estabelecidas, o que é um bom índice de acerto dos gestores escolares no seu manejo.



2.5. SENTIMENTO  DOS PROFESSORES EM RELAÇÃO À VALORIZAÇÃO PROFISSINAL NA ESCOLA E AO PRAZER EM LECIONAR.



Sabe-se que a cultura organizacional da escola exerce grande influência sobre o desempenho profissional do professor. A valorização profissional é um dos elementos dessa cultura e contribui para o desenvolvimento da auto-estima e da motivação para o trabalho.

Grande parte dos professores sente-se frequentemente respeitada e valorizada na escola (63%). Esse sentimento parece consolidar-se pelo clima organizacional da escola, permeado pelo estilo de gestão democrática.

Além disso, 89,4% dos professores que dizem sentir prazer em lecionar, o atribuem ao sentimento de valorização e respeito existente na escola.

Mesmo entre aqueles professores que não se sentem respeitados e valorizados (9,1%), predomina o sentimento de prazer em lecionar, revelando que mesmo com desvalorização profissional sofrida pela categoria do magistério, os professores identificam-se com a profissão.





“A Escola procura demonstrar que aceita e acata nossas opiniões” (291).

“Participo de decisões junto aos demais profissionais” (253).

Liberdade de direitos e deveres para optar ou discordar” (499).

A gestão democrática é o principal condicionante do sentimento de valorização e respeito do professor da rede municipal, tanto entre os que percebem essa valorização freqüentemente (55,6%) como entre os que a percebem raramente (18,3%).



A falta de recursos na escola como um bebedouro melhor, aparelho de som e TV para sessões de vídeo e a construção de um auditório e cobetura da quadra de esportes. Falta de segurança na escola, falta de recursos didáticos” (96).

 “Escolas desestruturadas com merenda escolar inadequada, falta de recursos tecnológicos, faltos de espaço escolar, salas sem conforto e ventilação, material didático insuficiente” (169)

O problema que mais incomoda os professores e precisa de intervenção do conselho escolar, conforme se deduz dos depoimentos acima, é a deficiência na infraestrutura física e material das escolas. Além deste destacam os problemas decorrentes das condições sócio-econômicas dos alunos.





2.6. AÇÕES DA SEMEC PARA VALORIZAR O MAGISTÉRIO, ALÉM DO SALÁRIO E FORMAÇÃO



“Por enquanto acho que esses dois pontos (salarial e formação) devem ser realmente olhados com carinho. Quando isso acontecer aí sim, buscaremos cumprir outras metas...” (127).

A referência sintetiza as sugestões que enfatizam a necessidade de investimento na formação e melhoria salarial, como principal ação para a valorização do magistério a ser desenvolvida pela PMB/SEMEC (42,4%).

As propostas de investimento na formação envolvem a elevação do nível de qualificação profissional, através de parcerias com instituições de ensino superior para cursos de graduação e pós-graduação; fornecimento de bolsas de estudos; desburocratização das licenças para cursos; ajuda de custo para a participação dos professores em congressos e outros eventos educacionais dentro e fora do Estado; para aquisição de livros, computadores e outros recursos necessários à formação, dentre outras.

Outro grupo de sugestões bastante mencionado refere-se à melhoria das condições de trabalho, referente às condições ambientais e pedagógicas da escola e à assistência e apoio profissional ao professor.




 



3. CONCEPÇÕES E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

3.1 AUTO-IMAGEM PROFISSIONAL E SENTIMENTO DE PRAZER EM LECIONAR



O sentimento de insatisfação com a remuneração pela maioria dos professores (52,6%) não interfere no prazer em lecionar desfrutado por 89,4% dos professores, o que revela uma grande identificação com a profissão.

O prazer em lecionar está em grande medida relacionado ao fato desses professores sentirem-se valorizados frequentemente na escola (58,2%).










Alem disso, a identificação com a profissão dos professores é confirmada, ao ser constatado que mais da metade deles apontaram a vocação como razão prioritária para a sua opção pelo magistério (52,8%).

A segunda influência presente na preferência do trabalho docente, porém menos determinante é a da família e/ou amigos (12,9%). O compromisso social como exercício da profissão aparece em terceiro lugar (9,6%).










3.2. VALORES ÉTICOS


Os valores morais são apontados por 71,7% dos professores que os consideram importantes para a formação do educador, e os relacionam ao respeito, honestidade, paciência, tolerância, autonomia, responsabilidade, seriedade, solidariedade, dignidade, e companheirismo.

Evidenciam-se com importância secundária os valores Profissionais (compromisso com a educação, a aprendizagem, a cidadania e transformação social, domínio de conteúdos de sua área de conhecimentos, competência, profissionalismo, assiduidade, disciplina e vocação).




3.3 COMPETÊNCIAS DOCENTES



Os professores auto-identificam várias competências em seu perfil, com índices médios em torno de 65%. As competências que mais se avultam são: acompanha e avalia a aprendizagem dos alunos continuamente; estabelece relação entre teoria e prática no desenvolvimento das atividades; e domina os conteúdos de ensino e os traduz em objetivos de aprendizagem.

A competência que o professor menos identifica em sua prática docente é o uso de novas tecnologias.

Do mesmo modo, a participação na gestão da escola aparece entre as competências menos citadas pelos professores, apesar de que 70,9% tenham informado que adotam uma postura crítica, sugestiva e participativa no cotidiano da escola.









3.4. PRÁTICAS DE PLANEJAMENTO ESCOLAR



No que tange à forma de planejamento preferida pelos professores, predomina o planejamento individual (49,6%), e o maior índice está entre os professores da EJA (67,9%), possivelmente em decorrência das condições concretas da prática cotidiana do horário noturno em que funciona essa modalidade de ensino na RMED. Significativo número de professores desta modalidade vem de jornadas intensas de trabalho, e consequentemente, não dispõe de tempo para a troca de idéias e elaborações de planos.

A preferência pelo planejamento em grupo é mais intensa entre os professores da Educação Infantil (63,6%), indicando certa disposição dos mesmos para um trabalho mais integrado, coeso, participativo, muito favorecido pelo clima organizacional das UEI’s, onde o trabalho coletivo é bastante evidenciado.




3.5. SELEÇÃO E DESENVOLVIMENTO DOS CONTEÚDOS DE ENSINO




Em relação aos critérios para definição dos conteúdos trabalhados pelos professores em sala de aula, se destaca na sua preferência, a sondagem dos interesses dos alunos.

O livro didático é o segundo guia de seleção de conteúdos, sobressaindo-se no ensino Fundamental (68,7%), na EJA (53,6%) e em mais de um nível/modalidade de ensino (57,6%).

Na Educação Infantil, o tema gerador é a estratégia metodológica mais usual na seleção dos conteúdos (70,7%), seguido pela sondagem de interesses (63,6%), e datas comemorativas (55,7%).

Diante do questionamento sobre os assuntos que mais despertam o interesse dos alunos, as respostas apresentadas explicitam uma preocupação com temas da atualidade.
A maior incidência indica o interesse do aluno da escola da SEMEC por assuntos ligados a conhecimentos gerais e sociais, tais como: religiosidade, clonagem, violência, gravidez na adolescência, drogas, trabalho, comportamento humano, família, cidadania, datas comemorativas, direitos e deveres da criança e adolescente.
Assuntos do cotidiano do aluno se evidenciam em 2º lugar, com 17,6% (gangues, pichação, armas, lixo, novelas, passeio, ficção cientifica, relacionamento, televisão, futebol, programas, drogas, filmes, violência).











3.6. AS ESTRATÉGIAS DE ENSINO



Existe uma tendência dos professores em adotar uma pedagogia mais interativa e diversificada na organização do trabalho pedagógico, onde o aluno deixa de ser apenas um ouvinte/escrevente na sala de aula, passando a utilizar, principalmente, trabalhos de grupo, aulas expositivas dialogadas, jogos, pesquisas, dramatização.
Pela frequência da utilização da aula expositiva nas respostas do professor, conclui-se que ela, ainda, é uma das principais técnicas de ensino adotadas em sala de aula, seja de forma meramente expositiva (74,1%) ou dialogada (67,4%).


O trabalho pedagógico norteado pela pedagogia de projetos parece ser um desafio para a prática docente, uma vez que o percentual de professores que sentem dificuldades de trabalhar com projeto é maior ao daqueles que não sentem dificuldades (54,4%, e 44,4% respectivamente).
O trabalho parte da definição e problematização de um tema e prevê a busca de respostas por meio da pesquisa.
Formação, experiência e conhecimento são as categorias mais evidenciadas nas justificativas tanto dos que sentem quanto dos que não sentem dificuldades de trabalhar essa metodologia.








3.7. UTILIZAÇÃO DE RECURSOS DIDÁTICOS





No geral, o quadro de escrever, ainda, é um recurso didático predominantemente utilizado pelos professores da SEMEC.

Esse recurso é utilizado com maior frequência pelos professores que atuam na EJA (100%), no Ensino Fundamental (94,6%), e em mais de um nível/modalidade de ensino (93,4%).
As revistas, livros, gravuras e textos são altamente utilizados por 89,2% dos professores, sobretudo pelos que atuam na Educação Infantil (93,6).

A origem da maioria desses recursos utilizados pelo professor é da própria escola.







3.8. A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM



A leitura lidera a lista das principais dificuldades observadas pelos professores (66,4%) no desempenho dos alunos das escolas da SEMEC; seguida pela concentração, escrita, interpretação e produção de textos. Essas inquietações remetem ao desenvolvimento da linguagem, do pensamento abstrato e da reflexão, aptidões essenciais no processo de construção do conhecimento.
As dificuldades de leitura/escrita, percebidas no desempenho dos alunos fazem emergir a importância dada ao processo de letramento e desenvolvimento da capacidade de reflexão, necessário ao avanço da aprendizagem do aluno.
As dificuldades com cálculo e resolução de problemas foram identificadas pelos professores principalmente na EJA (46,4%). Dos professores entrevistados do ensino fundamental e dos que ensinam em mais de uma modalidade, cerca de 37% identificaram também a manifestação dessa dificuldade no desempenho dos alunos.






3.9. TRATAMENTO PEDAGÓGICO ÀS DIFERENÇAS INDIVIDUAIS

As diferenças individuais integram parte importante da pauta dos direitos humanos universais, conforme admitido na evolução cultural atual, cujo respeito e tratamento se constituem grandes desafios do século XXI. Por essa razão o trabalho pedagógico exige pensar metodologias voltadas para o enfrentamento dessas diferenças nos alunos, no sentido de compreender, respeitar e potencializar de forma positiva essas especificidades.



Nessa perspectiva, a pesquisa buscou compreender o perfil do professor no que se refere ao enfrentamento das diferenças individuais dos alunos no ambiente escolar. O reconhecimento e o trabalho às diferenças do aluno é a categoria mais frequente nas falas dos professores, que não só reconhecem, mas também trabalham essas diferenças através do desenvolvimento de atividades individuais e grupais, reforço positivo ao aluno e contextualização do conhecimento.
No geral, ainda que a maioria dos professores demonstre uma prática pedagógica favorável no trato das diferenças individuais dos alunos, ficou evidente a complexidade dessa questão no cotidiano de sua prática, principalmente ao lidar com alunos que apresentam maiores dificuldades de aprendizagem.
A pesquisa inferiu que o nível de escolaridade exerce pouca influência na postura pedagógica dos professores no trato dessas diferenças dos alunos. Evidenciou, igualmente, que a formação na área de educação parece não ser um fator determinante para essa postura pedagógica.


3.10 ENVOLVIMENTO DOS PAIS NO TRABALHO PEDAGÓGICO





Sabendo a importância da integração da escola com a família dos alunos e buscando compreender os níveis desta relação, questionou-se aos professores se costumam informar os pais sobre o desempenho escolar dos alunos.

A maioria dos professores costuma informar frequentemente (77,5%). Para tanto, possibilitam o desenvolvimento de ações nas categorias formativas e informativas. Essas ações revelam a busca de uma relação mais próxima da escola e professores com a família do aluno. Sendo realizadas por meio de reuniões pedagógicas (pais e mestres, conselho de ciclo, conselho escolar), diálogos informais, palestras, oficinas, seminários, participação em atividades pedagógicas, eventos sócio-culturais e/ou desportivos, entre outros, conforme os depoimentos:

Através de palestras sobre sexualidade, interesses dos adolescentes e orientações durante o conselho de ciclo.” (7).

Organizo atividades e passeios que os dois participam juntos.” (230).

Através de oficinas, jogos, palestras e passeios.” (558).

Promovendo pesquisas, passeios, aulas recreativas etc.”. (559).


3.11. O REGISTRO DA PRÁTICA E PROJETO PEDAGÓGICO PRÓPRIO





Um dos aspectos importantes do trabalho pedagógico do professor é o exercício de sistematização e reflexão sobre suas experiências pedagógicas ou registro da prática.

Dentre os professores que costumam registrar sua prática docente (69,9%) é marcante a presença daqueles motivados por um discurso crítico acerca da importância da reflexão sobre a ação docente, visando sua reconstrução (53,4%). Conforme as falas:

É importante ter registrado nossos projetos, atividades e ações pedagógicas para refletirmos sobre nossa própria prática, além de preservar a memória do nosso trabalho”. (503).

Os professores que afirmam não fazer registro de sua prática docente (28,7%) justificam por inúmeros fatores, como: a falta de hábito, de tempo, de estímulo; preferem dedicar-se à ação de ministrar aulas, não consideram necessária essa prática, ou, ainda, não pensaram nisso.

Ao cruzar as informações sobre o registro da prática pedagógica com o desenvolvimento ou não de projetos pedagógicos próprios pelos professores, observa-se que dos que costumam fazer registros, 33% desenvolvem projetos pedagógicos próprios. Já dentre os que não tem esse hábito, apenas 9,2% desenvolveu algum projeto na escola.


4. EXPECTATIVAS DO PROFESSOR SOBRE A FORMAÇÃO CONTINUADA NA SEMEC

4.1. A MELHORIA DO PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA SEGUNDO A ÓTICA DOS PROFESSORES 



Formação continuada é uma noção relacionada à idéia de que a educação é permanente e, por isso, o professor, em especial deve estar sob um processo constante de construção do saber, da competência profissional e da cidadania.

A formação do professor é uma linha definida do trabalho na RMED. Desde 1992 a SEMEC vem realizando formações com diferentes formas de concepção, planejamento e organização. A partir de 2002 tornou-se prioridade orçamentária. No governo municipal 2005-2008, várias ações foram efetivadas, destacando-se o Programa ECOAR que tem por diretriz criar condições para o professor estudar, refletir e construir sua ação pedagógica, tendo em vista a aprendizagem do aluno.

A principal preocupação dos professores pesquisados é com o conteúdo de formação e está relacionada, principalmente, à consideração da realidade e às necessidades da escola, com ênfase na prática, assim:

“Queremos ser crianças, queremos aprender a brincar, contar histórias, etc.”. Queremos tudo novo, conhecer novas brincadeiras e não mais “atirei o pau no gato” (466).

“Cursos em que os professores possam produzir atividades práticas, não simplesmente ouvir palestrantes sobre determinado assunto. Por exemplo, se o curso é sobre narrativas orais, que possam escrevê-las” (442).



4.2. NECESSIDADES FORMATIVAS DOS PROFESSORES


A política de formação continuada de professores deve levar em conta as necessidades e desafios postos pelo cotidiano de sua prática pedagógica. Nessa perspectiva, foi solicitado aos professores sugestões de cursos ou eventos que gostariam de participar visando à qualificação de seu desempenho docente.

A maior demanda é na área psicopedagógica (50,3%), com temáticas de cunho operacionais e relacionais do processo ensino-aprendizagem, tais como: avaliação, metodologia de ensino, construção de material didático, tema gerador, motivação da aprendizagem, dinâmica de grupo, educação inclusiva, tecnologias educacionais, desenvolvimento cognitivo, o lúdico, relações interpessoais, relação professor-aluno, direitos humanos, afetividade, auto-estima, disciplina na escola, violência na escola, distúrbio de conduta, ética profissional, planejamento didático, PCNs.

Quanto a eventos sócio-educativos (22,2%), a demanda procede dos professores que sentem necessidade de diversificar suas atividades e ampliar seu universo sociocultural (participação em congressos, palestras, mostra de arte, eventos comemorativos, continuação do ECOAR, etc.).






5. ESPAÇO DE LIVRE EXPRESSÃO E REIVINDICAÇÃO DOS PROFESSORES





Foi destinado um espaço de livre expressão aos professores participantes da pesquisa, para que pudessem expor as suas expectativas em relação à pesquisa, seus sentimentos e pontos de vistas pessoais sobre as questões levantadas, ou ainda, fazer proposições de seu livre interesse.

Apenas 42% da amostra responderam a este quesito, talvez por já se sentirem contemplados em outras questões.

A variedade de impressões e demandas foi classificada em seis grupos, conforme o gráfico 50.

No topo da lista se evidencia reivindicações e expectativas relacionadas à organização da gestão e administração.

A ênfase seguinte reúne as categorias relacionadas à melhoria da qualidade do ensino e a valorização do magistério na RMED de Belém.



REIVINDICAÇÕES CLASSIFICADAS NO CAMPO DA GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO



 Planejar, reorganizar e mudar o Sistema de Educação Municipal.

 Gestão democrática: eleição direta para diretor e manutenção dos critérios de elegibilidade dos professores/autonomia/macro visão das prioridades.

 Necessidade de completar o quadro de pessoal das escolas; reduzir o nº. de alunos por turma, especialmente da Educação Infantil, e colocar auxiliar.

 Cuidar melhor e/ou reduzir o número de alunos PNEEs por turma.

 Regularizar a vida do prestador de serviço.

 Melhorar a qualidade dos hortifrutis das UEIS.

 Parceria entre SEMEC e escola para conscientizar os pais da responsabilidade pelos filhos.

 Visitar e conhecer a escola, seus projetos e funcionários.

 Organizar a carga horária de Língua Estrangeira e Religiosa e/ou Revalidação desta na Arquidiocese de Belém.

 Lotar o professor próximo a sua residência.

 Exames médicos regulares a todos os funcionários que trabalham com atividades físicas.

 Melhorar o atendimento das escolas na sede.

 Volta do regime seriado.

 Oferta de serviços de apoio à família do aluno.

 Segurança nas escolas.

 Ampliar a rede municipal para tirar as crianças da rua.

 Fazer-se representar em eventos na escola.

 Intermediar o “Programa Amigos da Escola”.

 Intercâmbio cultural dos professores de Língua Estrangeira com o país da Língua que lecionam.

 Implantar a escola de tempo integral (a exemplo da escola Bosque); bem como desenvolver a educação ambiental.



REIVINDICAÇÕES E EXPECTATIVAS SOBRE A FORMAÇÃO



 Promover a Formação Continuada, promoção de cursos de Pós-Graduação.

 Levantar as necessidades formativas dos professores e mudar a metodologia da formação e selecionar as escolas que se destacarem para ministrar as próximas formações.

 Hora Pedagógica (HP) única para todos os professores.

 Formação dos professores do Laboratório de Informática e os de Educação Especial.

 Ensino Profissionalizante para os alunos.



REIVINDICAÇÕES NO CAMPO DA DIVULGAÇÃO DE AÇÕES E PESQUISAS DA SEMEC

 Expectativa de intervenção técnica propositiva na escola a partir dos resultados da pesquisa.

 Dar continuidade no diagnóstico da pesquisa.


REIVINDICAÇÕES SOBRE A VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL E MELHORIA SALARIAL

 Melhorar o salário.

 Investir na Educação.

 Respeitar as metodologias dos professores e a realidade de cada escola.

 Manutenção dos direitos conquistados.

 As questões de natureza didáticopedagógicas, aparecem em 10,8% dos depoimentos:

 Investir na interação escola e comunidade.

 Definição de conteúdos para cada Ciclo de Formação.

 Reformulação da ficha síntese ou mais tempo para preenchê-la.

 Eliminar as Fichas síntese das UEIS.

 Revisão do sistema de Avaliação da Aprendizagem.

 Necessidade de Avaliar o aluno com a participação do professor no processo.

 Atendimentos especializados aos alunos.

 Investir na melhoria da leitura e escrita dos alunos.

 Livro Didático de Língua Estrangeira.



REIVINDICAÇÃO SOBRE INFRAESTRUTURA FÍSICA ESCOLAR E AUMENTO DO INVESTIMENTO EM EQUIPAMENTOS



 Investir em equipamentos (micro) e Salas de Informática e de Recursos.

 Reformas no espaço físico da escola.

 Melhorar o acervo da Sala de Leitura e/ou Biblioteca.

 Criar espaços de lazer.



CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os desafios postos para a educação no século XXI apontam para a necessidade de se repensar não apenas o trabalho desenvolvido pela escola, a formação e a prática docente, mas também as políticas públicas educacionais, bem como a gestão dos sistemas de ensino e da própria escola pública. Isso significa dizer que o bom desempenho do aluno não depende unicamente do professor, mas de um conjunto de fatores econômicos, políticos e sociais que envolvem a atividade docente.

São inúmeras as competências que se exige atualmente para a atuação do professor no sentido de responder aos desafios da sociedade atual. Exigências que têm provocado certa “crise de identidade do magistério” (CANDAU, 1977), uma vez que demandam a necessidade de estabelecer rupturas com concepções e práticas historicamente arraigadas, impregnadas de um modelo positivista de pensar e agir no e sobre o mundo.

Esse “dever ser” do novo perfil do professor aponta para uma postura mais aberta, crítica, participativa e propositiva no contexto escolar, ampliando suas atribuições e competências para além dos limites da sala de aula, envolvendo ações tanto no âmbito da organização do trabalho pedagógico como da gestão escolar, além da produção de saberes docentes advindos da reflexão sobre as experiências vivenciadas ao longo da prática docente, bem como de estudos e trocas de experiência com outros educadores. O perfil profissional dos professores é também marcado pelo seu contexto de vida pessoal, cuja realidade exerce influência sobre o seu desempenho.

Embora saibamos que nenhuma pesquisa dá conta da totalidade da realidade, representando uma aproximação sujeita a aprofundamentos, podemos afirmar com base neste estudo que os professores da Rede Municipal de Educação de Belém apresentam um perfil bastante interessante, afinado com uma postura progressista em sua prática pedagógica, articulada com os novos paradigmas educacionais. Seu discurso denota a compreensão e a busca desse “dever ser” apontado pela literatura educacional contemporânea.

Os dados referentes à caracterização de vida pessoal e profissional dos professores revelam uma realidade relativamente positiva do ponto de vista de algumas condições favoráveis para um bom exercício das atividades docentes, embora apresente ainda algumas limitações no que se refere à valorização do magistério e melhoria da qualidade da educação pública na RMED de Belém.

Os dados apresentados sobre o Perfil dos Professores da RMED apontam avanços e desafios a serem ainda enfrentados no sentido de promover a qualidade do ensino na escola municipal e a valorização profissional dos professores. Tais investimentos implicam na definição de uma política pública da educação municipal que avance no sentido de incorporar em suas ações as reais necessidades dos educadores e dos alunos, a partir de uma percepção global desses indivíduos, a fim de oferecer à população um ensino de qualidade, atento às demandas da sociedade mais ampla.


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